Debate - Inclusão digital – 25/09/2003

Foi realizado no Itaú Cultural um interessante debate, sobre "Inclusão Digital, Educação e o uso das Tecnologias da Informação", mediado pelo jornalista Heródoto Barbeiro da CBN, com a participação de:

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Valdemar Setzer (1940), engenheiro ITA, e professor Titular aposentado do Departamento de Ciência da Computação IME-USP;
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Ivan Paulo Giannini, gerente de Ação Cultural do Sesc-SP;
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Paulo Lemos, economista e mestre em antropologia social pela Unicamp, atua como pesquisador e coordenador de projetos da Cidade do Conhecimento USP;
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Sérgio Amadeu, sociólogo, ex-coordenador dos Telecentros da Prefeitura de São Paulo e atual Presidente do Instituto de Tecnologia da Informação – ITI.



O debate foi dividido em 5 blocos e a primeira questão levantada por Heródoto foi se a Inclusão Social/Digital deve ser tratada como uma política pública e somente Setzer colocou alguns adendos a essa tese.

Giannini citou que o SESC-SP criou, dentro de um ambiente cultural, as salas de Internet Livre de modo a facilitar o acesso a WEB, porém forçando rodízio após 30 minutos, de modo a permitir que o internauta use o correio eletrônico, possa digitar seu currículo, pesquise informações na WEB como emprego, mas que não possa ficar usando a Internet Livre para jogos eletrônicos.

Lemos e Amadeu citaram estatísticas do avanço brasileiro no uso da Internet (ex. FGV: 8% dos brasileiros acessa a WEB). Para Lemos a inclusão social/digital é necessária ser feita inclusive de modo comunitário ou usando-se tecnologias comunitárias, e ela é importante também para o relacionamento das pessoas.

O sempre polêmico Setzer chamou a atenção para dois aspectos: a prioridade nos investimentos de políticas públicas e o impacto dos computadores e da Internet em crianças e jovens. Quanto ao primeiro ponto, ele leu uma notícia recente onde a cidade de Almécegas, no Ceará, que não tem rede de luz elétrica podia-se acessar a Internet graças a um gerador solar de células de energia. Com isso ele evidenciou prioridades invertidas, ou a passagem direta do analfabetismo para as telecomunicações, pulando a leitura. Ele disse que na sua casa não houve televisão até sua filha menor tornar-se adulta, e que é preciso avaliar se o uso do computador é benéfico ou prejudicial na educação. Ele separou dois grupos de prioridades:
No grupo 1 ele colocou a inclusão da alimentação, inclusão da leitura, inclusão do saneamento básico, inclusão da saúde;
No grupo 2 ele colocou a inclusão da educação.

Setzer falou que uma criança não tem discernimento entre o que é adequado e bom para sua idade. Já um pai, quando escolhe um livro para o filho, examina o conteúdo das páginas antes da compra, da mesma forma que um professor o faz quando recomenda livros didáticos verificando se o conteúdo é adequado a maturação do seu aluno. Mas na Internet a criança obtêm textos desconexos com a maturação de sua idade. Daí o fato que o jovem não pode ficar sozinho usando a Internet, concluiu.

Com essa objeção, o debate adquiriu mais vida e Amadeu justificou o empenho pela Inclusão Digital como um direito do cidadão, que não pode ser negado nas políticas públicas do estado. Amadeu disse que a existência de outras carências não justifica abandonar a meta e oportunidade de acompanhar e se inserir no domínio das tecnologias que permitem comunicação entre todos no mundo.

Houve intervalos entre os blocos e, embora o mediador sempre recomeçasse com novas questões, todo o restante do debate foi um certo confronto entre as idéias de Setzer
contra o computador na educação e as de Amadeu fervoroso defensor da importância da Inclusão Digital.

Na verdade, as idéias de Setzer foram estruturadas ao longo de vários anos e podem ser encontradas nos vários artigos da sua
página no site IME. Ele já participou de muitos debates nesse tema, inclusive debateu com pesquisadores do MIT que eram a favor do uso do computador na educação.

Além disso, Setzer não se posiciona contra o uso do computador ou contra a tecnologia como possa parecer para alguém que não o conheça e escute suas preocupações com relação ao uso do computador na educação. No fundo ele prega que os professores devem ter um profundo conhecimento do que é próprio para cada idade e de cada grupo particular de alunos, e que devem basear o seu ensino nesses conceitos.

Esse último fator é talvez o que mais caracteriza a
Pedagogia Waldorf (PW), onde ele se apoia. A PW apresenta um método educacional revolucionário baseado em um modelo de desenvolvimento do ser humano introduzido na Alemanha por seu fundador, o austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), após a primeira grande guerra. Há outros modelos importantes, como o de Piaget, mas para Setzer não tão abrangentes, em considerar todos os aspectos da constituição humana e como ela se desabrocha de acordo com a idade da criança e do jovem. Talvez a pouca difusão dessa pedagogia se dê em virtude da concepção espiritualista de seu fundador, em querer buscar uma ciência para o espírito, diante de uma comunidade de psicólogos e pedagogos com enfoques mais materialistas.

Sobre a questão se o computador desemprega as pessoas, Lemos enfatizou que vivemos uma época de mudança social tecnológica onde, novas vagas surgem em substituição a outras que se extinguem, num quadro em que as novas tecnologias criam novas profissões, e citou o Ensino a Distância (EAD). Amadeu completou dizendo que graças a Internet II, e sua velocidade instantânea, já se pode fazer operações médicas remotas. Amadeu e Giannini reforçaram ainda que o correio eletrônico ajuda na prática da escrita e o próprio mediador Heródoto lembrou que o corretor ortográfica evita que se escreva errado.

Sobre o Deficiente Visual e a Inclusão Digital do cego, Giannini explicou que já existem tecnologias auditivas como solução ao problema.

Setzer voltou ainda ao seu enfoque principal citando que pesquisa, feita em Israel, mostrou que o ensino auxiliado pelo computador não mostrou ter sido eficaz na melhoria de habilidades na matemática e na linguagem. Porém, disse Setzer, a arte tem mostrado ser importante e pode ser introduzida até nas prisões para recuperação das pessoas. Disse que o piano e o violino podem atuar como agentes transformadores. Setzer se baseia no estudo [
2] de que o piano ajuda no desenvolvimento do raciocínio espacial temporal e como matérias de ciências e matemática exigem muito raciocínio espacial temporal, isso é benéfico na educação. No entanto, há outros estudos e pesquisas [3] que não encontraram tal correlação.

Para Setzer, temos o modelo educacional europeu com excessiva quantidade de informação, porém não temos aqui tradição familiar para o jovem ter mais contato com a arte, mas na Europa, onde a tradição cultural está enraizada, a direção da escola não se preocupa muito com esse complemento, pois sabe que lá a família faz isso naturalmente levando-o aos teatros, aos concertos, nas galerias de arte, etc.

Amadeu bateu na tecla que o computador amplia a capacidade de nossa memória e a educação no Brasil precisa dar um salto. Amadeu reforçou sua tese acrescentando que é preciso acabar com o monopólio do conhecimento e usar a tecnologia, não só para receber transmissão, mas principalmente para interagir.

Ao final, comentou-se que o computador não está diminuindo o uso do papel, e sorrindo o mediador Heródoto encerrou, dizendo-se cheio de dúvidas após o debate, o que para ele, e reforçado por Setzer que buscou gerar essas dúvidas, mostra que o debate foi positivo.

Após o debate perguntamos ao Prof. Setzer o que ele acha da "
Progressão Continuada" adotada inicialmente na Gestão Luiza Erundina / Paulo Freire e depois na Secretaria Estadual da Educação. Setzer respondeu que isso foi uma recomendação da UNESCO, baseada na experiência Waldorf, e se posicionou plenamente favorável. No entanto, ponderou, nem todos os professores estavam preparados.

Como Apêndice adaptamos e resumimos interessantes definições do livro [
1] de Setzer onde ele fala sobre DADO, INFORMAÇÃO e CONHECIMENTO, e inserimos links para ajudar os interessados em se aprofundar em pesquisas, pois estes conceitos são de interesse de todos que atuam em Tecnologia da Informação .

Referências:
[1]
Meios Eletrônicos e Educação – Uma visão alternativa – Coleção Ensaios Transversais
Escrituras – autor Valdemar W. Setzer – 2001 – ISBN: 85-86303-91-7 – preço R$13,00


[2] Rauscher, F.H. et al. Music training causes long-term enhancement of preschool children's
spatial-temporal reasoning. Neurological Research 19, 1997, p. 2-8.

[3] DOES CLASSICAL MUSIC REALLY AFFECT SPATIAL-TEMPORAL ABILITY?
LIZANN GALLAGHER - DEPARTMENT OF PSYCHOLOGY - GEORGETOWN UNIVERSITY

APÊNDICE

DADO = Setzer, define dado como uma seqüência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Nesse sentido, um texto contendo letras, que são símbolos de um conjunto finito que é o alfabeto, pode constituir-se de uma base numérica e portanto é um dado. Também são dados, as fotos, as figuras, os sons gravados, pois todos podem ser quantificados.

Com essa definição, um dado é uma entidade matemática que pode ter ordem e obedecer regras, ou seja, é sintático. Os dados podem ser descritos por meio de representações formais e estruturais de modo que podem ser armazenados e processados por computadores. Com isso, trechos de um texto podem ser ligados virtualmente a outros trechos pelo endereço de armazenamento o que forma estruturas de dados. Ponteiros de um texto podem fazer a ligação de um ponto do texto a uma representação quantificada de uma foto, de uma figura, de um som gravado, etc.

O processamento de dados de um computador limita-se a manipulações estruturais desses dados por meio de um programa de computador (software). Os programas são funções matemáticas e portanto são dados. Exemplo dessas manipulações, nos casos de textos, são a formatação, a comparação com outros textos, estatísticas de palavras empregadas e seu entorno, etc.

Nota: percebe-se nessa explanação da página 241 [1], que Setzer, que dava aula de compiladores no IME, trata o assunto pensando como um especialista em linguagens de computação.

INFORMAÇÃO - É uma abstração informal, pois não pode ser formalizada por uma teoria lógica ou matemática, que está na mente de alguém, com uma representação de algo significativo para essa pessoa. Setzer esclarece que ele não está definindo e sim caracterizando o que é informação. A frase "Paris é uma cidade fascinante" é uma informação, desde que seja lida ou ouvida por alguém que entenda que "Paris" é a cidade capital da França, etc e que "fascinante" tenha a qualidade usual e intuitiva associada com essa palavra.

Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase citada sobre Paris, ela pode ser armazenada em computadores, porém ela é armazenada não como informação, mas sim na forma de dado que é uma representação de uma informação. Essa representação pode ser transformada pelo software na formatação de um texto, que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado do dado, pois ela depende da pessoa que possui o entendimento do significado de "Paris" e de "fascinante". Portanto não se pode processar informações diretamente em um computador, é necessário reduzir a informação a dados e poder-se-ia, por exemplo, quantificar a intensidade de "fascinante" numa escala, digamos, de 1 a 5, mas então "fascinante" não seria mais informação.

Por outro lado, dados desde que não criptografados, isto é inteligíveis, são sempre incorporados por alguém como informação, porque os seres humanos (adultos) buscam normalmente por significação e entendimento. Não se pode formalmente definir "significação", mas entendida como um conceito mental de cada pessoa. Por exemplo, quando vê um objeto com certo formato e se diz que ele é "circular", está se fazendo uma associação mental de sua forma ao conceito de círculo. Ou seja, nosso pensamento é um órgão de percepção de conceitos (Rudolf Steiner – Filosofia da Liberdade – cap. IV - cita Setzer em seu livro [1] na página 245).

A informação pode ser propriedade interior de uma pessoa ou ser recebida por ela. É interior quando mental, é recebida quando chega através de uma representação simbólica como os dados (texto, figuras, som, ..).

Ao ler um texto uma pessoa pode absorvê-lo como informação desde que o entenda. Pode-se associar a recepção da informação por intermédio de dados à recepção de uma mensagem. Porém a informação pode também ser recebida sem que seja representada por meio de mensagens. Por exemplo, para saber se a noite esfriou ou não, uma pessoa que está num ambiente agradável e quente pode abrir a janela e esticar o braço para sentir a intensidade do frio lá fora. Essa informação não é representada por símbolos, nem pode ser considerada como uma mensagem. Por outro lado, um bom berro é uma mensagem que não é expressa por dados, mas sim por um ruído vocal e pode conter muita informação para quem o recebe.

Note-se que inicialmente exemplificou-se dado como "som gravado". Isso porque os sons da natureza contêm muito mais do que se pode gravar: ao ouvi-los, existe todo um contexto que desaparece na gravação. O ruído das ondas do mar, por exemplo, vem acompanhado da visão do mar, de seu cheiro, da umidade do ar, do vento, da luminosidade, etc.

Uma distinção fundamental entre dado e informação é que o dado é puramente sintático e a informação contém necessariamente semântica (implícita na palavra "significação" usada em sua caracterização). É interessante notar que é impossível introduzir e processar semântica em um computador, porque a máquina em si é puramente sintática (tal como a Matemática). O termo "linguagem de programação" é um abuso de linguagem, porque o que realmente se chama de linguagem contém semântica (
Noam Chomsky). Outros abusos usados no campo da computação, ligados à semântica, são "memória" e "inteligência artificial". Eles dão a impressão que a memória humana é equivalente aos dispositivos de armazenamento dos computadores. Theodore Roszack em 1994 expôs que nossa memória é infinitamente maior. John Searle em 1991 com sua alegoria do Quarto Chinês (onde uma pessoa, seguindo regras em inglês, combinava ideogramas chineses sem entender nada e, assim, respondia perguntas – é assim que o computador processa dados) demonstrou que os computadores não podem pensar porque lhes falta a nossa semântica.

Como exemplo final da diferença entre dado e informação, usando o princípio da alegoria de Searle, imagine uma tabela com 3 colunas e título esclarecendo o significado de cada coluna e que tenha várias linhas. O título esclarece da coluna 1 esclarece que esta coluna tem o nome de cidade na China. O título da coluna 2 esclarece que esta coluna tem o nome do mês em que a temperatura fica na média do ano nessa cidade. O título da coluna 3 esclarece que ela informa a temperatura média em graus ocorrida no ano anterior.

Considerando que todas essas colunas estão escritas em chinês, para uma pessoa que não conhece chinês isso é um conjunto de puros dados, porém para uma pessoa que conhece chinês isso é uma tabela de informação. Note que a tabela poderia ser formatada, de modo que as linhas pudessem ser ordenadas segundo o valor da temperatura ou a ordem dos meses no ano, sem que isso alterasse o ser dado ou informação, pois dado ou informação depende da "significação" para quem o observa.


CONHECIMENTO – Setzer caracteriza "conhecimento" como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi experimentado, que foi vivido, por alguém.
Alguém tem algum conhecimento de Paris somente se visitou Paris. Nesse sentido o conhecimento não pode ser descrito, o se descreve é a informação. Também não depende apenas de uma interpretação pessoal, como a informação, pois requer da vivência do objeto do conhecimento. Ou seja, o conhecimento está no âmbito puramente subjetivo do homem ou do animal. Parte da diferença entre o homem e o animal está em que o ser humano é consciente de seu conhecimento e pode descrevê-lo parcial e conceitualmente em termos de informação, como por exemplo, "eu visitei Paris, logo eu a conheço".

A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação em forma de dados (dentro da máquina deixa de ser informação). Como o conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador. Nesse sentido, é equivocado falar-se de uma "base de conhecimento" em um computador. O que se tem, de fato, é uma tradicional "base (ou banco) de dados".

Um bebe de alguns meses tem muito conhecimento (conhece a mãe, sabe que chorar resolve seus problemas, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem informação, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nessa conceituação não se pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento.

Assim, há informação que se relaciona a um conhecimento, como no caso da segunda frase sobre Paris, pronunciada por alguém que conhece essa cidade, mas pode haver informação sem essa relação, por exemplo, se a pessoa lê um manual de viagem antes de visitar Paris pela primeira vez. Portanto, a informação pode ser prática ou teórica, respectivamente ; o conhecimento é sempre prático.
A informação foi associada à semântica. Conhecimento está associado com pragmática, isto é, relaciona-se com alguma coisa existe no "mundo real", do qual se tem uma experiência direta.

COMENTÁRIO GERAL – As definições ou caracterizações anteriores não são muito usuais. É comum definir dado como um subconjunto da informação, isto é, o dado é um tipo particular da informação. É útil separar esses dois conceitos, pois dado não é informação. Em alguns casos a informação pode ser transmitida por meio de dados, pois podem ser uma representação da informação. Em outros, qualquer representação por meio de dados retira da informação sua essência. O mesmo se aplica a informação e conhecimento.

Setzer observa que não existe "Teoria (formal) da Informação". O que
Claude Shannon desenvolveu foi, de fato, uma "Teoria dos Dados", fato observado por Theodore Roszack em 1993, já que a teoria de Shannon lida com a capacidade de canais de comunicação sem se importar como o conteúdo (significado). A capacidade desses canais é a de transmitir dados, e não informação. Portanto, no sentido aqui exposto, não se deve falar de "quantidade de informação", e sim de "quantidade de dados" transmitida por um canal de comunicação. Bit não é uma unidade de informação, e sim de dados, como o próprio nome diz BInary digiT, pois um número por si só não contém informação, é um dado puro.

Um dado é puramente objetivo – não depende do seu usuário. A informação é objetiva-subjetiva no sentido de ser descrita de uma forma objetiva (textos, figuras, etc) ou captada a partir de algo objetivo, como no exemplo de se estender o braço para fora da janela para ver se está frio., mas o seu significado é subjetivo, depende do usuário. O conhecimento é puramente subjetivo – cada um tem a vivência de algo de uma forma diferente.

Essas caracterizações podem ser úteis para empresas. Elas devem entender que não se colocam informações no computador, e sim dados. As empresas devem considerar: 1) que os dados devem representar o melhor possível as informações que devem ser obtidas a partir deles; 2) que os dados sempre serão interpretados pelos profissionais da empresa; 3) o mesmo dado pode ser tomado como duas informações diferentes. Portanto para evitar isso, é preciso que o profissional seja preparado para interpretar os dados de maneira esperada (isso se aplica também para aplicativos de software: Em 23 de setembro de 1999 um satélite climático de informação se chocou no solo de Marte, durante uma manobra de injeção, devido ao fato que sua programação de comando, ter interpretado dados de uma tabela de calibração de empuxo como se estivessem nas unidades do sistema internacional de medidas, mas estavam nas unidades do sistema britânico de medidas. O software feito pela "Lockheed Martin Astronautics" em Denver forneceu o valor da força de impulso em pound por segundo ao invés de Newton por segundo, como deveria ter sido).

Por outro lado é importante saber que é impossível transmitir conhecimento: o que se transmite são dados, eventualmente representando informações. Para que haja transmissão de conhecimento de uma pessoa para outra, é necessário haver interação pessoal entre os envolvidos, com o primeira mostrando ou descrevendo vividamente a sua experiência.
Keith Devlin cita dois casos de grandes empresas em que se tentou transmitir conhecimento por meio de dados, mas a transmissão só se concretizou com o contanto pessoa.

Finalmente, considerando competência como uma capacidade de executar uma tarefa no "mundo real", esta só pode ser adquirida fazendo-se algo. Isto é, se as empresas que querem desenvolver competência em seus profissionais, em certas áreas, devem fazê-los trabalhar nessas áreas, ou participar de projetos, de preferência juntamente com pessoas com grande competência.

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http://www.cidade.usp.br/educar2001/mod5ses2.php